segunda-feira, junho 27, 2005

If my heart had a face...

domingo, junho 26, 2005

Dizem que a paixão o conheceu

Dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre escondido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nenhum oficío cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos

Al Berto

sexta-feira, junho 24, 2005

O menino das sandálias azuis



As vezes proponho-me a mim mesmo, no meio de longas conversas de angustia e depressão que eu tenho com a minha consciência, escrever textos que tenham o brilho de um sorriso, que tenham o calor de um abraço… Aquele texto que nos dê a sensação de uma festa que a nossa mãe nos dava quando nos magoávamos na brincadeira

Acho que a inspiração teria de surgir do meu tempo de menino, quando corria atrás de bichos-de-conta… e fazia estradas para as formigas… tive a oportunidade de passar a minha infância numa vivenda, mesmo que nos arredores da grande metrópole, Lisboa, mesmo assim tinha acesso aqueles momentos lindos que me marcaram na infância e nunca os vou apagar da memoria, como o cheiro a terra, o cheira da erva molhada quando chovia as ameixoeiras em flor… e as brincadeiras que daí advinham, como roubar figos, brincar à agricultura, subir arvores…

Agora que penso, lembro-me de tantas brincadeiras que eram feitas na companhia da solidão, acho que devo ao facto de ser filho único a minha criatividade, aprender a brincar sozinho, fazer o bom e o mau, jogar para uma equipa vencer e outra perder… isso molda a personalidade de uma pessoa… cria sonhos, cria carências…

Mas é no tempo de menino, que mais sonhamos, que mais ingénuos somos, que mais nos rimos, rimos de bem-estar, de um abraço dos pais, de um arroz-doce da avó, de um chupa-chupa do senhor do café, dos desenhos animados… Aqueles que todos acordavam bem cedo para os ir ver… quem não se lembrar de ficar à espera que a televisão começasse a emitir para ver os desenhos animados, com aquele fundo preto com umas listas coloridas à frente… depois tocava a musica da SIC que sabia de cor, e começava uma autentica maratona de boa disposição e grandes lições para a vida… Ao falar de séries televisivas e da minha meninice lembro-me da rua sésamo, o tanto que eu tenho a agradecer ao conde de contar… de longe o meu preferido… e as musicas como a “eu gosto de sopa...”

Ter sido uma criança, foi das melhores coisas que me aconteceu na vida.

Assim pinto um quadro com cheiro a caramelo, e tons de um amarelo forte, igual ao sol que brilha lá fora, no pátio onde eu fui astronauta e mosqueteiro do rei, onde tudo era possível, e o bem vencia sempre.

segunda-feira, junho 13, 2005

Escrita sob efeito do Alcool e do Amor...

Um dia recebi uma carta com cheiro a mulher… uma carta escrita por uma caneta mordiscada da ponta… uma caneta que com a força da convicção carregou cada letra num papel de carta amarelado comprado nas livrarias antigas… percebi que se tratava de assunto do coração… a principio senti-me entusiasmado, mas a cada frase que lia percebia o propósito da carta…
Não tinhas coragem de me o dizer nos olhos… não tens coragem de me olhar nos olhos… ao mesmo tempo que tentas evitar a minha dor… deixas escapar pela mão a espada que à muito vem penetrando o meu coração… custa-me … custa-me perceber que novamente cometi o erro de te sorrir com inocência e sinceridade… Cometi o erro de te abraçar com olhar e com as palavras te acarinhar e apaziguar quando te sentias triste e só… erro após erro vou construindo uma historia de pequenas historias de final triste… onde o herói nunca é herói, porque simplesmente… fui bom, carinhoso… realmente amigo…
Sabes que me dói ir para a cama sem sono… sabes que as manchas na minha almofada são lágrimas derramadas por ti… pois não sabes… fútil… fácil… tinhas de me desiludir… tinha de ser assim… tinha???
A que me agarro eu? A um sonho que já nem sonhado pode ser? A uma ilusão que me magoa todos os dias… com que fico eu? Comigo? Com alguém que não aguenta ficar sozinho que a palavra rejeição é um pesadelo que me acompanha em qualquer reflexo..

Merda… Não tinhas de ser assim… Não tinhas…

Terás tu… sensibilidade para te reveres neste texto??? Sinceramente… Terás tu que nada tens a ver comigo e com o que sinto, a sensibilidade para perceberes o que eu sinto? Terás tu quem eu quero perto de mim… a sensibilidade de me acarinhares? … Terás tu, leitor ocasional a sensibilidade de perceberes que necessito de uma palavra tua. Desta vez o teu silencio não basta… desta vez necessito do teu calor…


O amigo perfeito diz… Vai-te Fuder…