If my heart had a face...
Dizem que a paixão o conheceu
As vezes proponho-me a mim mesmo, no meio de longas conversas de angustia e depressão que eu tenho com a minha consciência, escrever textos que tenham o brilho de um sorriso, que tenham o calor de um abraço… Aquele texto que nos dê a sensação de uma festa que a nossa mãe nos dava quando nos magoávamos na brincadeira
Acho que a inspiração teria de surgir do meu tempo de menino, quando corria atrás de bichos-de-conta… e fazia estradas para as formigas… tive a oportunidade de passar a minha infância numa vivenda, mesmo que nos arredores da grande metrópole, Lisboa, mesmo assim tinha acesso aqueles momentos lindos que me marcaram na infância e nunca os vou apagar da memoria, como o cheiro a terra, o cheira da erva molhada quando chovia as ameixoeiras em flor… e as brincadeiras que daí advinham, como roubar figos, brincar à agricultura, subir arvores…
Agora que penso, lembro-me de tantas brincadeiras que eram feitas na companhia da solidão, acho que devo ao facto de ser filho único a minha criatividade, aprender a brincar sozinho, fazer o bom e o mau, jogar para uma equipa vencer e outra perder… isso molda a personalidade de uma pessoa… cria sonhos, cria carências…
Mas é no tempo de menino, que mais sonhamos, que mais ingénuos somos, que mais nos rimos, rimos de bem-estar, de um abraço dos pais, de um arroz-doce da avó, de um chupa-chupa do senhor do café, dos desenhos animados… Aqueles que todos acordavam bem cedo para os ir ver… quem não se lembrar de ficar à espera que a televisão começasse a emitir para ver os desenhos animados, com aquele fundo preto com umas listas coloridas à frente… depois tocava a musica da SIC que sabia de cor, e começava uma autentica maratona de boa disposição e grandes lições para a vida… Ao falar de séries televisivas e da minha meninice lembro-me da rua sésamo, o tanto que eu tenho a agradecer ao conde de contar… de longe o meu preferido… e as musicas como a “eu gosto de sopa...”
Ter sido uma criança, foi das melhores coisas que me aconteceu na vida.
Assim pinto um quadro com cheiro a caramelo, e tons de um amarelo forte, igual ao sol que brilha lá fora, no pátio onde eu fui astronauta e mosqueteiro do rei, onde tudo era possível, e o bem vencia sempre.
Um dia recebi uma carta com cheiro a mulher… uma carta escrita por uma caneta mordiscada da ponta… uma caneta que com a força da convicção carregou cada letra num papel de carta amarelado comprado nas livrarias antigas… percebi que se tratava de assunto do coração… a principio senti-me entusiasmado, mas a cada frase que lia percebia o propósito da carta…