Sou um doente terminal, um romântico crónico e patológico... Com o garrote apertado, recebendo vacina da realidade, tão infectada como as mentes daqueles que se julgam vivos.
Já sinto a realidade a circular-me nas veias, espessa e fria, destrói-me aos poucos, consome lentamente os meus sonhos de criança, mata o monstro do coração e dissolve-me a esperança. É hora de ir deitar, oco e inerte, apenas o cerrar dos olhos e o apagar do cérebro.
Não sei quando chegará o meu dia, mas espero que seja em grande. Voem pombas brancas e ratazanas aladas, chorem as carpideiras e conspirem as costureiras... Que soltem os cães danados para me comerem as entranhas, porque quero ir limpo para o céu, encontrar-me com quem amei, e nunca toquei.