quarta-feira, novembro 30, 2005

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

3 Comments:

At 9:10 da tarde, Anonymous Anónimo said...

esse poema é excelente...
o meu irmão Álvaro... sempre certeiro...

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passa pelo «Play it again». Hoje revi algo e escrevi sobre ele, como tinhas sugerido há uns meses ;)

*

 
At 10:12 da tarde, Blogger Shu said...

Memória rdículas...que nos enchem o peito...i nos tornam em nós.

Sempre uma boa aposta a poesia.

E sim...a foto é de Palma...grande Palma:)

***

 
At 4:30 da tarde, Blogger patrícia said...

certo dia resolvi passar os olhos pela vastidam do meu livro de porugues (oH coisa insignificante à vista de todos os outros livros)e dei com este poema...certo foi que me deixou a pensar!!
(who are you?!)

 

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